Em meados de 2009 a Sky, operadora de TV por assinatura trouxe para os usuários brasileiros, pela primeira vez no país a verdadeira TV em alta definição (HD ou high definition) que tem como principal diferencial suas resoluções HD (1280x720 em 16:9 de proporção) e Full HD (1920x1080 em 16:9 de proporção) além de suas variações Progressiva e Entrelaçada. A transmissão da imagem nestas qualidades só foi possível devido a uma grande alteração de infraestrutura, primeiramente por parte dos consumidores, que consumiam cada dia mais aparelhos de televisão com capacidade de suportar estas resoluções (criando demanda por um produto até então inexistente) e também por parte das operadoras, que investiram em novos transmissores, satélites, antenas mais poderosas e set-top boxes mais robustos.
Para transmitir este sinal em alta definição, mesmo com a compactação de dados, foi necessário enviar e receber uma quantidade maior de dados do que as transmissões convencionais e este fluxo maior de dados foi aproveitado de outras maneiras, como por exemplo, criando programação mais interativa e gerando capacidade de vender programação on-demand.
Passado: O sistema Pay-per-view
Antigamente o mais próximo que chegávamos deste tipo de programação era trabalhando com o sistema pay-per-view, que consistia em um único canal onde se via o filme escolhido que repetia várias vezes durante o dia, o que gerava alguns incovenientes. Para o assinante, havia o problema de ter de esperar o filme começar para vê-lo, ou seja, você não necessariamnete pagava e poderia assistir, dependendo do horário em que comprasse, muitas vezes o assinante deveria esperar o filme terminar para ver desde o início, o que com certeza era um inconveniente.
Além disso as operadoras ficavam limitadas, pois deveriam disponibilizar um canal inteiro para exibir apenas um filme. Devido a essa limitação de espaço apenas uma quantia pequena de filmes eram vendidas ao mesmo tempo, podendo ser apenas filmes de grande apelo para a audiência, para que a operadora tivesse certeza do retorno de seu investimento. Havia também o problema de conectividade, pois a maioria dos set-top boxes antigos dependia de conexão direta com a linha telefônica para funcionar (o que nem sempre acontecia), então a maioria das compras eram feitas através do telefone, necesitando de confirmação de dados, conversa com atendente e outros gargalos de processo.
Ainda hoje as compras do Sky on demand são feitas através de telefone ou internet, mas, a previsão é de que em breve elas possam ser feitas direto pelo controle (mais informações em: http://www.sky.com.br/sonasky/sky-on-demand/).
Futuro: Aplicações em nuvem
Este aumento de banda de internet nos propicia um futuro que vai além das vendas de filmes sob demanda. As próprias operadoras de Tv por assinatura podem se beneficiar ainda mais disso deixando os sistemas operacionais de seus set-top boxes em nuvem, diminuíndo o custo das trocas de aparelho sempre que ocorrem mudanças tecnológicas. Um sistema ou arquivo em nuvem é aquele que fica armazenado em um servidor de internet, podendo ser acessado em qualquer lugar. O aumento das velocidades de transmissão e o barateamento da armazenagem em disco (que já chega facilmente aos terabytes nos computadores pessoais) está criando um novo modo de usar a internet, onde não apenas seus emails e albuns de fotos ficam armazenados na internet, mas também todos os seus arquivos e inclusive aplicações, que rodam direto do servidor, terminando com a necessidade de mídias de armazenamento nos computadores, inclusive as móveis.
Um exemplo disso é o console de vídeo-games portátil da Sony o PSP, que sempre funcionou através de mídias MD (pequenos CDs compactos) que na última reencarnação do console (o PSP Go) foram substituidas completamente por jogos baixados de sua loja online. Com isso, temos um controle maior contra a pirataria, e uma economia imensa com fabricação, cópia e prensagem de mídias, além da diminuição de toda a cadeia de estocagem, distribuição e revenda. Claro que com isso temos a extinção de centenas de empregos, mas, também diminuimos demais a quantidade de detritos e pegadas de carbono, criando uma cadeia de valor sustentável (bem, não se pode fazer uma omelete sem quebrar alguns ovos).
Em um futuro onde o dia das pessoas é cada vez mais corrido e as próximas gerações demandam mais opções de entretenimento o mais rápido o possível, a venda de programação sobre demanda vai deixar de ser uma opção e vai se tornar a regra. Cabe aos anunciantes descobrirem uma maneira de manter seus comerciais em meio a uma programação que já é paga (não existe absurdo maior do que propagandas em TV por assinatura, onde você já paga pelo conteúdo), em um mundo dominado por Youtube, Netflix e Tivo, entre outras.